Os nossos Autores...

SOPHIA DE MELLO BREYNER

Biografia
1919 – Nasce a 6 de Novembro no Porto, onde passou a infância. Aos 3 anos, tem o primeiro contacto com a poesia, quando uma criada lhe recita A Nau Catrineta, que aprenderia de cor. Mesmo antes de aprender a ler, o avô ensinou-a a recitar Camões e Antero.
«Recordo-me de descobrir que num poema era preciso que cada palavra fosse necessária, as palavras não podem ser decorativas, não podiam servir só para ganhar tempo até ao fim do decassílabo, as palavras tinham que estar ali porque eram absolutamente indispensáveis. Isso foi uma descoberta» (JL 468, de 25/6/91)

1926 – Frequenta o Colégio do Sagrado Coração de Maria, no Porto, até aos 17 anos. Primeiro semi-interna, depois externa. Tem professores marcantes, como a D. Carolina (de Português). E, apesar da pouca estima por disciplinas como Matemática e Química, nunca chumbou. Aos doze anos escreve os primeiros poemas. Entre os 16 e os 23 tem uma fase excepcionalmente fértil na sua produção poética

1936 – Estuda Filologia Clássica, na Faculdade de Letras de Lisboa, mas não leva a licenciatura até ao fim. Três anos depois, regressa ao Porto, onde vive até casar com Francisco Sousa Tavares, altura em que se muda definitivamente para Lisboa. Tem cinco filhos

1944 – Publica o primeiro livro, Poesia, uma edição de autor de 300 exemplares, paga pelo pai, que sairia em Coimbra por diligência de um amigo: Fernando Vale. Em 1975 seria reeditado pela Ática. Este livro é uma escolha, que integra alguns poemas escritos com 14 anos. E o início de um fulgurante percurso poético e não só. Publicaria também ficção, literatura para crianças e traduziu, nomeadamente, Dante e Shakespeare

1947 – O Dia do Mar, Ática

1950 – Coral, Livraria Simões Lopes

1954 – No Tempo Dividido, Guimarães

1956 – O Rapaz de Bronze (literatura infantil), Minotauro

1958 – Mar Novo, Guimarães; A Menina do Mar (infantil), Figueirinhas; A Fada Oriana (infantil), Figueirinhas. Escreve um ensaio sobre Cecília Meireles na «Cidade Nova»

1960 – Noite de Natal (infantil), Ática. Publica o ensaio Poesia e Realidade, na «Colóquio 8»

1961 – O Cristo Cigano, Minotauro

1962 – Livro Sexto, Salamandra, distinguido com o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1964; Contos Exemplares (ficção), Figueirinhas

1964 – O Cavaleiro da Dinamarca (infantil), Figueirinhas

1967 – Geografia, Ática

1968 – A Floresta (infantil), Figueirinhas; Antologia, Portugália, cuja 5ª edição (1985 – Figueirinhas) é prefaciada por Eduardo Lourenço

1975 – Publica o ensaio O Nu na Antiguidade Clássica, integrado em O Nu e a Arte, uma edição dos Estúdios Cor. Deputada pelo Partido Socialista à Assembleia Constituinte. A sua actividade político-partidária, não foi longa, mas ao longo da sua vida sempre foi uma lutadora empenhada pelas causas da liberdade e justiça. Antes do 25 de Abril, pertence mesmo à Comissão Nacional de Apoio aos Presos Políticos
«A poesia é das raras actividades humanas que, no tempo actual, tentam salvar uma certa espiritualidade. A poesia não é uma espécie de religião, mas não há poeta, crente ou descrente, que não escreva para a salvação da sua alma – quer a essa alma se chame amor, liberdade, dignidade ou beleza» (JL 709, de 17/12/97)

1970 – Grades, D. Quixote

1972 – Dual, Moraes

1977 – O Nome das Coisas, Moraes, distinguido com o Prémio Teixeira de Pascoaes

1983 – Navegações (IN-CM), recebe o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação de Críticos Literários

1984 – Histórias da Terra e do Mar (ficção), Salamandra

1985 – Árvore (infantil), Figueirinhas

1989 – Ilhas, Texto, distinguido com os Prémios D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus e Inasset-INAPA (1990)

1990 – Reúne toda a sua obra em três Volumes, Obra Poética, com a chancela da Editorial Caminho; é distinguida com o Grande Prémio de Poesia Pen Clube

1992 – Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças

1994 – Musa, Caminho. Recebe Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores. Publica Signo, um livro/disco com poemas lidos por Luís Miguel Sintra, uma edição Presença/Casa Fernando Pessoa

1995 – Placa de Honra do Prémio Petrarca, atribuída em Itália

1996 – Homenageada do Carrefour des Littératures, na IV Primavera Portuguesa de Bordéus e da Aquitânia

1998 – O Búzio de Cós, Caminho, distinguido com o Prémio da Fundação Luís Míguel Nava

1999 – Prémio Camões



retirado do Jornal de Letras, 16.06.1999


Ana Maria Magalhães
Ana Maria Magalhães nasceu em Lisboa a 14 de Abril de 1946, no seio de uma enorme família onde as crianças ocupavam o primeiro lugar. A casa albergava pais, avós, uma tia viúva notável contadora de histórias. Ali eram recebidos também com frequência os muitos tios e primos, que se instalavam para passar temporadas quando vinham do Porto, da Régua, de Moncorvo, trazendo consigo outras posturas, outras histórias, uma linguagem diferente com outras expressões, outras sonoridades.
A infância e juventude decorreram portanto num ambiente alegre, caloroso, rico de experiências humanas.
Foi aluna do Colégio Sagrado Coração de Maria, onde concluiu o Ensino Secundário.
Licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, tendo acumulado, durante os três primeiros anos, com a frequência do Curso Superior de Psicologia Aplicada no ISPA. O casamento, aos 21 anos, obrigaria a uma opção.
Ainda estudante, começou a trabalhar na Cambridge School e depois no Gabinete de Estudos dos Serviços de Apoio à Juventude do Ministério da Educação.
Iniciou a actividade docente como professora de História de Portugal do 2º ciclo no ano lectivo de 1969/1970, no Liceu António Enes, em Lourenço Marques, Moçambique.
O contacto próximo com crianças africanas, indianas, chinesas e portuguesas foi tão motivante que, de regresso a Lisboa, decidiu enveredar definitivamente pela carreira docente. Encontrou colocação na Escola Preparatória de Salvaterra de Magos, onde teve oportunidade de conhecer o meio rural, experiência muito gratificante, apesar das dificuldades inerentes ao facto de trabalhar longe de casa tendo dois filhos pequenos.
No ano lectivo de 1976/1977 fez estágio pedagógico na Escola Preparatória Fernando Pessoa, em Lisboa. Entre 1980 e 1982 desempenhou funções na Formação de Professores de História.
Em 1982 foi convidada para Técnica do Serviço de Ensino de Português no Estrangeiro. Nessa qualidade preparou e apresentou cursos de formação de professores, visitou escolas em vários países da Europa e nos Estados Unidos da América, participou em seminários do Conselho da Europa em Portugal e no estrangeiro.
O Ministro da Educação chamou-a para integrar a equipa que se ocupou da Reforma do Sistema Educativo entre 1989 e 1991. Desempenhou funções de coordenadora da reforma curricular do 2.o ciclo. Nos dois anos seguintes dedicou-se a um estudo sobre os jovens e a leitura no âmbito do Instituto de Inovação Educacional.
Em 1994 aceitou o convite da Expo 98 para dirigir o Jornal do Gil. Em 1997 foi destacada para o gabinete do Ministro da Educação a fim de estabelecer a ligação pedagógica entre o Pavilhão de Portugal da Expo 98 e as escolas.
Em 1998 foi convidada pela Editorial do Ministério da Educação para coordenar uma revista multicultural destinada aos países africanos de língua oficial portuguesa. A revista Tu Cá Tu Lá foi patrocinada pelo Instituto Camões e pelo Instituto de Cooperação Portuguesa.





Isabel Alçada

Biografia

Isabel Alçada nasceu em Lisboa a 29 de Maio de 1950, filha mais velha de uma família maioritariamente feminina. A casa estava sempre cheia de tias e primas de todas as idades, gente muito alegre e comunicativa. As crianças ocupavam o primeiro lugar, mas todas se submetiam à autoridade paterna, uma autoridade firme, positiva, criativa. Era o pai quem convidava os amigos, organizava passeios, jogos, piqueniques, viagens. Era também o grande contador de histórias, um permanente estímulo intelectual para as três filhas.
A infância e juventude decorreram portanto num ambiente caloroso e feliz.
Foi aluna do Liceu Francês Charles Lepierre, onde concluiu o Ensino Secundário.
Licenciou-se em Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Ainda estudante, casou, teve uma filha e começou a trabalhar na Psicoforma - Centro de Formação e Orientação Profissional. Concluído o curso, ingressou na Direcção-Geral de Educação Permanente do Ministério da Educação, de onde transitou para o Secretariado da Reestruturação do Ensino Secundário em 1975/1976.
Em Setembro de 1976 iniciou a actividade docente como professora de Português e História do 2.o ciclo. Nesse mesmo ano fez o Estágio Pedagógico na Escola Preparatória Fernando Pessoa, em Lisboa, sendo convidada no ano seguinte para trabalhar na Formação de Professores como orientadora de estágio. Nessa qualidade participou em diversos cursos e seminários sobre a didáctica da História realizados no País e no estrangeiro. Mais tarde desempenhou funções no Conselho Directivo da sua escola, acumulando com um cargo na direcção do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.
Nos anos lectivos de 1982/1983 fez o Mestrado em Ciências da Educação pela Universidade de Boston, após o que passou a trabalhar no Gabinete de Estudos e Planeamento do Ministério de Educação.
A partir de 1985 integrou o quadro de professores da Escola Superior de Educação de Lisboa, onde continua a leccionar, acumulando o ensino com a coordenação da Biblioteca-Centro de Recursos.
Em 1987 foi convidada pela Comissão da Comunidade Europeia para integrar uma equipa de especialistas europeus em formação de professores, tendo realizado, em parceria com os técnicos dos outros países comunitários, o estudo Estratégias de Formação de Professores nos Países da CEE. Efectuou a preparação do doutoramento em Ciências da Educação na Universidade de Liège.
No ano lectivo 1995/1996 foi nomeada pelo ministro da Educação coordenadora do grupo de trabalho encarregado de conceber a rede de bibliotecas escolares, e no ano lectivo de 1996/1997 foi nomeada para coordenar a equipa encarregada de estudar a problemática do livro escolar. Em Janeiro de 2001 assumiu o cargo de Administradora da Fundação de Serralves, em regime de voluntariado.
A par desta intensa actividade no domínio da educação, estreou-se como escritora de livros infanto-juvenis em parceria com Ana Maria Magalhães em 1982.
Os seus livros, que marcaram uma viragem na história da literatura infantil portuguesa, reflectem a longa e rica experiência educativa, são eco de uma infância e juventude particularmente felizes e traduzem o seu enorme talento para comunicar com os mais novos.
Em 2010 tornou-se Ministra da Educação.